Há silêncio, as hortênsias vibram na brisa
Sinto o aveludado perfume dos lírios
Que se soltam, que se desprendem
Mas que caem perto, um auspicioso acinte
Há silêncio sim, mas ouço
Ouço o vento, o resvalar das pétalas das flores, Claire de lune
Espectros laranjas nesse crepuscular do dia
Trazem-me paz, trazem-me você num doce devaneio
Camélia vermelha, perfume novo
Começo então a euritmia em meio aos cravos
Cravos rosas e vermelhos, sorrisos
Danço para mim, esticando-lhe a mão
Para que venha comigo dançar no meu jardim
Pois veja! Se não vier, seguirei dançando
Mas, se vier, minha dança será mais feliz
Dança livre, energeticamente entrelaçada
Você veio, o seu perfume consigo
Inibindo e ornamentando o cheiro das flores
Olhos nos olhos, beijo o céu, um sorriso
Um silêncio que diz tudo em silêncio.
Quero morar nesse devaneio de ter-te um par a dançar
Uma mão, nos passos mosaicos, a segurar
Uma memória que eternize a paz desse baile
A dança das flores que, livres,
voam em câmera lenta no jardim que nasceu para amar.
- Fhelipe Viegas
