grayboy

1 de julho de 2020

Um amor em quarentena


A Medina acorda com primeiro chamado
Ao longe, meus oníricos olhos a veem brilhar
Curvam-se, em todo o globo, à grande pedra
Até a grama escala o deserto para ouvi-la cantar

Unem-se as aves num canto uníssono e vibrante

A libélula dos montes respira o ar do novo dia
Não lhe foge a pasmaceira do etílico homem errante
Nem mesmo os silfos escapam da beleza que irradia

A vida nasce outra vez com o dormir da noite

A luz solar tateia o que, por hora, não posso
Todo esse meu amor que eu o também amoite
Todo esse meu estupor que eu tire do que é nosso

Cresce, lá fora, a vida esperando que eu esteja pronto

Ingênua, a pensar que disso não sobrará sequela
Só o prana não se encerra com o fim de um ponto
Pois tudo isso contarei que, triste, vi de uma janela.

O nosso amor, há muito, em quarentena. 


- Fhelipe Viegas


Nenhum comentário:

Postar um comentário