Abri os olhos arenosos na profusão do sono
Repelindo a languidez da última modorra
Estavas tu a olhar-me diante da porta
Redigindo com os lábios nossa masmorra
Quiseste ver-me sobre o leito que me suporta
Tecendo um lamento outrora sutil
Disseste que, no peito, amor tu portas
Mesmo que este me parece hoje senil
Juraste dar-me o amor que o tempo corta
Banhá-lo em puro formal e em pó anil
E o nosso amor durar como o de Inês morta
Todavia, ao final, o passei por um funil
Disto me veio a verdade do teu amor
Da ínfima e irresoluta substância juvenil
Cujo fetiche resume-se em forte dissabor
Pois felicidade não se busca quem nunca amor sentiu
- Fhelipe Viegas
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