Por que queremos ter se sabemos que tudo caminha para o fim? Tudo caminha para acabar. É a mais pura ilusão capitalista ou o mais genuíno ímpeto da essência humana, a incompletude e a necessidade de ter, de possuir, de ser dono? Tomar conhecimento disso é uma evolução ou uma maldição? Por que queremos um amor se sabemos que ele acabará? Seja pelo término ou pela morte. Por que queremos bens materiais se sabemos que eles se deteriorarão com o tempo, se sabemos que tudo é momento? Tudo é um intervalo [fechado]. O tudo não é para sempre. Mas o nada também não? É por isso que seguimos? Por crermos que, quando esse tudo acaba, um outro tudo começa? O “para sempre” se dá nos ininterruptos intervalos? Não me deixe cair no abismo de saber que tudo é só isso, caminhando para o nada. Mas quem é o meu interlocutor? Ele também tem seu fim? E, se não o tem, por que nos tortura com essa verdade? Ou seria ele ingênuo ao pensar que nunca chegaríamos a ela? Ou demasiadamente sagaz ao ponto de querer que a ela cheguemos só para ver como lidamos com a maior das verdades? Tudo caminha para ser nada.