Miasmou-me teu cheiro
Putrefato, fétido e nocivo
De ti, sobrou apenas o cabelo
Que outrora me era lascivo
Como pensar em rica rima
Diante deste saco, um ossário
Como assimilar este cálcio
Sendo tão teu animal gregário
Como ignorar o sorriso perpétuo
Que tiveram cetinosos lábios
Como olvidar a jura de amor eterno
Antes dita inabalável pelos sábios
A voragem de tua morte me é inverno
Sugou-me o verão e primavera
Dou-lhe agora meu beijo consterno
Pois tua exumação me exuma
Também nosso amor "eterno".
-Fhelipe Viegas