Entardece dentro de mim.
As nuvens queimam no horizonte,
assim como minha alma
chora pelo o que um dia eu fui.
O céu está se fechando
como as cortinas da minha vida.
A noite flameja em cinzas
cobrindo meus olhos com o ardor
do passado e da incompreensão.
A frieza alheia queima meu equilíbrio
trazendo nisso um reprimido eu
que peleja para não se deixar esquecer.
Momentos felizes não são capazes
de tomar lugar da escondida tristeza
que se exibe exuberante na solidão,
solidão essa que, às vezes, se atreve
fugazmente fazer-me companhia
quando envolto de tantos estou.
Chora Marília feliz de tua existência!
canta sua vida em dias claros!
Isolada de insólitos momentos es tu.
Aclama teu encontro em ti mesma!
Reluzente é tua alma,
que por todos brilha,
que para todos brilha.
Marília tu não es Marília,
e Dirceu grita por ti.
Marília tu não es outro alguém,
Sou eu mesmo amando um idealizado eu que perdi.
Até quando a noite cobrirá meu céu?
Até quando serei Dirceu
Sonhando em ter Marília
Em mim?
- Fhelipe Viegas