Entardece dentro de mim.
As nuvens queimam no horizonte,
assim como minha alma
chora pelo o que um dia eu fui.
O céu está se fechando
como as cortinas da minha vida.
A noite flameja em cinzas
cobrindo meus olhos com o ardor
do passado e da incompreensão.
A frieza alheia queima meu equilíbrio
trazendo nisso um reprimido eu
que peleja para não se deixar esquecer.
Momentos felizes não são capazes
de tomar lugar da escondida tristeza
que se exibe exuberante na solidão,
solidão essa que, às vezes, se atreve
fugazmente fazer-me companhia
quando envolto de tantos estou.
Chora Marília feliz de tua existência!
canta sua vida em dias claros!
Isolada de insólitos momentos es tu.
Aclama teu encontro em ti mesma!
Reluzente é tua alma,
que por todos brilha,
que para todos brilha.
Marília tu não es Marília,
e Dirceu grita por ti.
Marília tu não es outro alguém,
Sou eu mesmo amando um idealizado eu que perdi.
Até quando a noite cobrirá meu céu?
Até quando serei Dirceu
Sonhando em ter Marília
Em mim?
- Fhelipe Viegas
grayboy
4 de dezembro de 2017
2 de setembro de 2017
PRELÚDIO
Corra! Pule pelos adágios azuis,
segure as cordas que despencam do céu,
ouça o silêncio do jardim em seu crepúsculo,
mas não olhe para trás.
Siga em frente à beira do mar,
se use de sua sensibilidade
para ver o que há depois do cosmo,
mas não para o que precede o amor.
Seja forte, bravo taurino
neblinado por quarenta noites de prelúdio,
siga a mirar o escopo da sua kundaline.
Venha! Agora que não teme tocar o vazio,
se encha de si, se cubra de sol,
expurgue-se com sua branca alma,
e jogue fora o que lhe foi ilusório.
Desnude-se, oh anjo solar, da noite
e mergulhe no sereno leito de manitú.
Venha! Ressuscite dos mortos,
seja o novo Deus em seu novo prana.
Habite Shamballa com sua luminosa alma,
perceba que as cores brotam de ti.
Ponha sobre a Terra o início de uma nova era
e acenda em todos sua metafísica.
Contemple-se, oh novo Deus,
na maravilhosa sinfonia da vida.
Fhe inveniet Fhe!
- Fhelipe Viegas
segure as cordas que despencam do céu,
ouça o silêncio do jardim em seu crepúsculo,
mas não olhe para trás.
Siga em frente à beira do mar,
se use de sua sensibilidade
para ver o que há depois do cosmo,
mas não para o que precede o amor.
Seja forte, bravo taurino
neblinado por quarenta noites de prelúdio,
siga a mirar o escopo da sua kundaline.
Venha! Agora que não teme tocar o vazio,
se encha de si, se cubra de sol,
expurgue-se com sua branca alma,
e jogue fora o que lhe foi ilusório.
Desnude-se, oh anjo solar, da noite
e mergulhe no sereno leito de manitú.
Venha! Ressuscite dos mortos,
seja o novo Deus em seu novo prana.
Habite Shamballa com sua luminosa alma,
perceba que as cores brotam de ti.
Ponha sobre a Terra o início de uma nova era
e acenda em todos sua metafísica.
Contemple-se, oh novo Deus,
na maravilhosa sinfonia da vida.
Fhe inveniet Fhe!
- Fhelipe Viegas
22 de agosto de 2017
Amarelo
Pensamento amarelo
Por que veio me rodear?
Eu que nada lhe fiz
Sou apenas um menino cinza,
Coberto por uma nuvem de depressão
Sim, eu sei que isso já basta para seus rodeios,
Para seu trêmulo fuxicar
Eu sei que se alimenta da minha ânsia
Das minhas negativas sensações
da minha tristeza singular
Inútil - insuficiente - insignificante
Pensamentos como esses devem o ajudar
Como uma presença de sombra negra
Que insiste levianamente me tocar
Talvez seja a vida que levo e vegeto
A mandante desse seu perturbar
Talvez seja o abandono do amor meu
Que este o orientou a me beijar
Pois venha já que quer a mim
cubra-me como se eu lhe tivesse dito sim
Não há nada o que perder, nada o que ganhar
Cubra cada parte perdida de mim
E então deixo seu propósito se afirmar.
-Fhelipe Viegas
Por que veio me rodear?
Eu que nada lhe fiz
Sou apenas um menino cinza,
Coberto por uma nuvem de depressão
Sim, eu sei que isso já basta para seus rodeios,
Para seu trêmulo fuxicar
Eu sei que se alimenta da minha ânsia
Das minhas negativas sensações
da minha tristeza singular
Inútil - insuficiente - insignificante
Pensamentos como esses devem o ajudar
Como uma presença de sombra negra
Que insiste levianamente me tocar
Talvez seja a vida que levo e vegeto
A mandante desse seu perturbar
Talvez seja o abandono do amor meu
Que este o orientou a me beijar
Pois venha já que quer a mim
cubra-me como se eu lhe tivesse dito sim
Não há nada o que perder, nada o que ganhar
Cubra cada parte perdida de mim
E então deixo seu propósito se afirmar.
-Fhelipe Viegas
19 de agosto de 2017
Esquecimento
Esse de quem eu era e era meu,
Que foi um sonho e foi realidade,
Que me vestiu a alma de saudade,
Para sempre de mim desapareceu.
Tudo em redor então escureceu,
E foi longínqua toda a claridade!
Ceguei... tateio sombras... que ansiedade!
Apalpo cinzas porque tudo ardeu!
Descem em mim poentes de Novembro...
A sombra dos meus olhos, a escurecer...
Veste de roxo e negro os crisântemos...
E desse que era meu já me não lembro...
Ah! a doce agonia de esquecer
A lembrar doidamente o que esquecemos...
- Florbela Espanca
Que foi um sonho e foi realidade,
Que me vestiu a alma de saudade,
Para sempre de mim desapareceu.
Tudo em redor então escureceu,
E foi longínqua toda a claridade!
Ceguei... tateio sombras... que ansiedade!
Apalpo cinzas porque tudo ardeu!
Descem em mim poentes de Novembro...
A sombra dos meus olhos, a escurecer...
Veste de roxo e negro os crisântemos...
E desse que era meu já me não lembro...
Ah! a doce agonia de esquecer
A lembrar doidamente o que esquecemos...
- Florbela Espanca
13 de março de 2017
DO AMOR
Quando o amor vos chamar, segui-o,
Embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados;
E quando ele vos envolver com suas asas, cedei-lhe,
Embora a espada oculta na sua plumagem possa ferir-vos;
E quando ele vos falar, acreditai nele,
Embora sua voz possa despedaçar vossos sonhos
Como o vento devasta o jardim.
Pois, da mesma forma que o amor vos coroa,
Assim ele vos crucifica.
E da mesma forma que contribui para vosso crescimento,
Trabalha para vossa poda.
E da mesma forma que alcança vossa altura
E acaricia vossos ramos mais tenros que se embalam ao sol,
Assim também desce até vossas raízes
E as sacode no seu apego à terra.
Como feixes de trigo, ele vos aperta junto ao seu coração.
Ele vos debulha para expor vossa nudez.
Ele vos peneira para libertar-vos das palhas.
Ele vos mói até a extrema brancura.
Ele vos amassa até que vos torneis maleáveis.
Então, ele vos leva ao fogo sagrado e vos transforma
No pão místico do banquete divino.
Todas essas coisas, o amor operará em vós
Para que conheçais os segredos de vossos corações
E, com esse conhecimento,
Vos convertais no pão místico do banquete divino.
Todavia, se no vosso temor,
Procurardes somente a paz do amor e o gozo do amor,
Então seria melhor para vós que cobrísseis vossa nudez
E abandonásseis a eira do amor,
Para entrar num mundo sem estações,
Onde rireis, mas não todos os vossos risos,
E chorareis, mas não todas as vossas lágrimas.
O amor nada dá senão de si próprio
E nada recebe senão de si próprio.
O amor não possui, nem se deixa possuir.
Pois o amor basta-se a si mesmo.
Quando um de vós ama, que não diga:
"Deus está no meu coração",
Mas que diga antes:
"Eu estou no coração de Deus".
E não imagineis que possais dirigir o curso do amor,
Pois o amor, se vos achar dignos,
Determinará ele próprio o vosso curso.
O amor não tem outro desejo
Senão o de atingir a sua plenitude.
Se, contudo, amardes e precisardes ter desejos,
Sejam estes os vossos desejos:
De vos diluirdes no amor e serdes como um riacho
Que canta sua melodia para a noite;
De conhecerdes a dor de sentir ternura demasiada;
De ficardes feridos por vossa própria compreensão do amor
E de sangrardes de boa vontade e com alegria;
De acordardes na aurora com o coração alado
E agradecerdes por um novo dia de amor;
De descansardes ao meio-dia
E meditardes sobre o êxtase do amor;
De voltardes para casa à noite com gratidão;
E de adormecerdes com uma prece no coração para o bem-amado,
E nos lábios uma canção de bem-aventurança.
Embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados;
E quando ele vos envolver com suas asas, cedei-lhe,
Embora a espada oculta na sua plumagem possa ferir-vos;
E quando ele vos falar, acreditai nele,
Embora sua voz possa despedaçar vossos sonhos
Como o vento devasta o jardim.
Pois, da mesma forma que o amor vos coroa,
Assim ele vos crucifica.
E da mesma forma que contribui para vosso crescimento,
Trabalha para vossa poda.
E da mesma forma que alcança vossa altura
E acaricia vossos ramos mais tenros que se embalam ao sol,
Assim também desce até vossas raízes
E as sacode no seu apego à terra.
Como feixes de trigo, ele vos aperta junto ao seu coração.
Ele vos debulha para expor vossa nudez.
Ele vos peneira para libertar-vos das palhas.
Ele vos mói até a extrema brancura.
Ele vos amassa até que vos torneis maleáveis.
Então, ele vos leva ao fogo sagrado e vos transforma
No pão místico do banquete divino.
Todas essas coisas, o amor operará em vós
Para que conheçais os segredos de vossos corações
E, com esse conhecimento,
Vos convertais no pão místico do banquete divino.
Todavia, se no vosso temor,
Procurardes somente a paz do amor e o gozo do amor,
Então seria melhor para vós que cobrísseis vossa nudez
E abandonásseis a eira do amor,
Para entrar num mundo sem estações,
Onde rireis, mas não todos os vossos risos,
E chorareis, mas não todas as vossas lágrimas.
O amor nada dá senão de si próprio
E nada recebe senão de si próprio.
O amor não possui, nem se deixa possuir.
Pois o amor basta-se a si mesmo.
Quando um de vós ama, que não diga:
"Deus está no meu coração",
Mas que diga antes:
"Eu estou no coração de Deus".
E não imagineis que possais dirigir o curso do amor,
Pois o amor, se vos achar dignos,
Determinará ele próprio o vosso curso.
O amor não tem outro desejo
Senão o de atingir a sua plenitude.
Se, contudo, amardes e precisardes ter desejos,
Sejam estes os vossos desejos:
De vos diluirdes no amor e serdes como um riacho
Que canta sua melodia para a noite;
De conhecerdes a dor de sentir ternura demasiada;
De ficardes feridos por vossa própria compreensão do amor
E de sangrardes de boa vontade e com alegria;
De acordardes na aurora com o coração alado
E agradecerdes por um novo dia de amor;
De descansardes ao meio-dia
E meditardes sobre o êxtase do amor;
De voltardes para casa à noite com gratidão;
E de adormecerdes com uma prece no coração para o bem-amado,
E nos lábios uma canção de bem-aventurança.
- Khalil Gibran
1 de março de 2017
Ângulos Lânguidos
Tarde chuvosa, brisa cinza,
insana razão agora envolta em mim....
Pular sobre a grama molhada só para não mais se molhar.
Em vão. Mas o que pode não ser na vida?
O amor? Esse aveludado que me cobre?
insana razão agora envolta em mim....
Pular sobre a grama molhada só para não mais se molhar.
Em vão. Mas o que pode não ser na vida?
O amor? Esse aveludado que me cobre?
Faz uns dias que me interrogo
contestando minha relativa sanidade,
percebo, em peripécia, que a perdi.
Por quê? Você!
contestando minha relativa sanidade,
percebo, em peripécia, que a perdi.
Por quê? Você!
Não tente entender, se perca comigo!
Nessas linhas, nesses ângulos lânguidos,
Nessa vida vã que corre sobre mim.
Nessas linhas, nesses ângulos lânguidos,
Nessa vida vã que corre sobre mim.
Farejo um aroma peculiar,
esse que vem de dentro,
ele que explode em amarela luz
e fecunda no ar em invisível existência.
Pluraliza em mim sorrisos bobos,
Borboletas azuis em minhas entranhas,
Tremulações e suor nas mãos,
Tento verbalizar estas coisas de dentro.
Em vão. Insano sentimento a exteriorizar.
esse que vem de dentro,
ele que explode em amarela luz
e fecunda no ar em invisível existência.
Pluraliza em mim sorrisos bobos,
Borboletas azuis em minhas entranhas,
Tremulações e suor nas mãos,
Tento verbalizar estas coisas de dentro.
Em vão. Insano sentimento a exteriorizar.
Não tente entender.
Venha, e se perca comigo!
Nessas linhas tortas de nossa história
que mesmo assim, por ângulos lânguidos,
fecunda o amor.
Venha, e se perca comigo!
Nessas linhas tortas de nossa história
que mesmo assim, por ângulos lânguidos,
fecunda o amor.
- Fhelipe Viegas
Mais-Valia
Vagarosamente, rendo-me às lembranças,
perpetuando a nostalgia do teu olhar.
A paz que habitava sobre mim
esvaiu-se como fumaça branca à tua partida.
Em quais lábios hoje habitas?
Em qual órbita fecundas hoje o teu amor?
Todo o universo, antes revelado a mim,
pode ter sido transmutado em antimatéria?
Me crucificam por um dia ter desejado teu éden,
por ter dado em reciprocidade o meu.
Mas algum dia quiseste ser o meu?
Apenas pensamentos vagos.
Hoje minhas mãos perfumam o odor de cigarros,
os quais acompanham minhas padecidas lágrimas.
Convertendo-me a cada dia a um ébrio amante,
pairando perdidamente num mundo de prazeres.
Sob noites frias, permuto-me em diversas personalidades,
sendo o que desejam de mim.
Hoje, me perco em braços mórbidos
a fim de encontrar o calor dos teus.
Hoje me perco em olhares frios,
a fim de encontrar o abraço dos teus...
Então, paro. Rendo-me. Percebo.
Mais-valia, o que me restou desse nosso amor.
- Fhelipe Viegas
Meu primeiro devaneio
Deitado sob minha velha árvore
olhando os detalhes acessíveis do céu.
Admirando e contemplando os feitos divinos de Deus
...São tantas as perguntas sem respostas...
Pensamentos vagos vêm e vão,
assim como o vento quente veranico em meu rosto.
Um devaneio chega lentamente:
você estava comigo em corpo e alma.
Eu sentia seu cheiro e nossos lábios
brincavam como crianças inocentes.
Eu admirava cada detalhe do seu rosto
E adorava o seu sorriso
que remetia paz em minha alma.
O Recife se tornou perto e
se distanciou com o fim do devaneio.
Era a chuva que começava,
- Fhelipe Viegas
olhando os detalhes acessíveis do céu.
Admirando e contemplando os feitos divinos de Deus
...São tantas as perguntas sem respostas...
Pensamentos vagos vêm e vão,
assim como o vento quente veranico em meu rosto.
Um devaneio chega lentamente:
você estava comigo em corpo e alma.
Eu sentia seu cheiro e nossos lábios
brincavam como crianças inocentes.
Eu admirava cada detalhe do seu rosto
E adorava o seu sorriso
que remetia paz em minha alma.
O Recife se tornou perto e
se distanciou com o fim do devaneio.
Era a chuva que começava,
gota após gota, minhas lágrimas caiam.
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